quinta-feira, 29 de maio de 2008

Férias!!!

Caros(as) leitores(as),

Pois é, cá estou eu em mais um piquete de centro comercial, uma “lufa lufa”, que hoje se prolonga até às 23H00 (parece ser só nestas alturas que tenho um tempinho para me dedicar à escrita).
Bom, é com imenso prazer que informo que irei estar ausente de Portugal nos próximos 15 dias – vou de férias!


O engraçado nos agentes de viagens (pensei seriamente em não generalizar, porque não sei ao certo se é defeito de todos os agentes de viagens ou se é só meu! O mais provável é que seja só meu…), é que “em casa de ferreiro espeto de pau”!
Confusos? É muito simples… Passo a vida a fazer reservas para os outros, para o mundo inteiro; passo a vida a incentivar ao sonho e convencer de que as Caraíbas é que são boas!

“Dengue no Brasil? Naaaa! É seguríssimo! Vá para o Brasil descansado, e até temos um promoção fantástica para Salvador, não encontra melhor!”
“Furacões na Tailândia? Que disparate! Isso é só lá para Dezembro ou Janeiro.”
“Não, em Cabo Verde não chove nesta altura, é óptimo para uns dias de praia!”

Enfim, é sempre a sugerir novos destinos, a pesquisar os voos mais baratos e os hotéis mais centrais. E eis quando chega a nossa vez...



Primeiro vou dismistificar uma série de mitos que vivem à volta desta maravilhosa actividade profissional:



- Epá, no turismo é que se ganha bem! - Pura mentira! Quem trabalha no turismo ou é um grande sonhador ou é um grande parvo! A verdade é que temos mesmo de gostar do que fazemos (nas várias áreas desta actividade), senão não compensa todo o esforço e trabalho que dá vender 'sonhos'.



- Epá (2), não custa nada, aquela gente passa a vida sentada atrás de um balcão e só vende viagens... - Só quem trabalha neste ramo é que sabe a quantidade de informação que nos passa diariamente pelas mãos. No meu caso especifico, convém estar atenta aos emails das companhias aéreas (novidades, promoções, aumentos de combustível, etc); temos também de passar os olhos sobre os email dos operadores (vendem isto, vendem aquilo, temos de encher este charter, vamos cancelar o outro charter); depois é quantidade de brochuras dos vários destinos que convém saber reservar e, cada destino ou cada operador tem uma determinada forma de se reservar; e um bom técnico não pode passar ao lado do domínio dos vários sistemas de reservas que, por sua vez, estão constantemente em actualizações, já sem falar nos procedimentos internos. No meio disto tudo, se a viagem não correr bem, 'cai tudo em cima de nós'!! Não é fácil.



- Epá (3), fartam-se de viajar à borla! - Primeiro, não nos fartamos de viajar... segundo, não viajamos à borla e as vantagens ou facilidades não assim tantas.



Resultado, quando chega a nossa vez de ir de férias, a nossa vez de marcar, já não há paciência, nem tempo para estar a escolher o hotel ideal ou o horário de voo melhor. É mais do género: "Este hotel é central, certo? Então pronto, está decidido!", "Tenho de ficar duas horas no aeroporto à espera de ligação? Opá, não faz mal, reserva-se já este que o que eu quero mesmo é sair daqui!".



E assim se resume a marcação de uma viagem de um agente de viagens, que, quatro dias antes de estar a embarcar, ainda está a ver qual o hotel onde irá ficar em Madrid!!



Darei notícias...

JD

segunda-feira, 19 de maio de 2008

elogio à Banana por Ferreira Fernandes

Caros leitores,

É com um grande sorriso que vejo que, apenas com uma semana de vida, já tenho alguns leitores assiduos do meu blog. Como já referi, já há muito tempo que não escrevia e, principalmente, diários (creio que a ideia original do blog são os "diários virtuais", certo?) - confesso esta ideia de diários até me assustam um pouco nos dias de hoje... só a ideia de manter um compromisso de escrever, de ler, etc, já é complicada! E se for um compromisso diário ainda pior!
Por isso só espero realmente conseguir manter, isso sim, uma assiduidade relativa ao escrever pelo menos uma vez por mês neste blog - esta foi a minha promessa inicial e este mês já a cumpri! Como sabemos, o trabalho, o ginásio e a vida social rouba-nos muito tempo. Vai ser uma promessa dificil de cumprir, principalmente quando já se sonha com umas férias longe de Portugal, sem computadores, sem televisão e, sobretudo, sem telemóveis.

Bom, desta vez não vou escrever nada meu... vou apenas apresentar um texto que achei 'hilariante' e bastante cómico do jornalista Ferreira Fernandes.

E não é que ele até tem razão?

"Por causa do preço do petróleo subiu o dos vegetais e estes tornaram-se vedetas dos noticiários. Nunca se falou tanto do arroz ou do milho. Esta crónica serve para cumprir uma gratidão: apesar da actual notoriedade dos outros, há um alimento agrícola que continua no anonimato. Pior, quando se fala dele ou é com malicioso piscar de olho ou é com desprezo. Falo evidentemente da banana. Da banana que serve de letra para Quim Barreiros ou para classificar repúblicas indignas. E, no entanto, com o arroz, o milho e o trigo, a banana é o quarto espadachim dos alimentos mosqueteiros que matam a fome ao mundo.Também eu não dava por ela, a banana. Ansiava por Maio ou Setembro, quando os barcos que aportavam em Luanda me traziam cerejas ou uvas (em cestos com a fruta acamada em folhas de videira); ansiava por Dezembro, quando subia à mangueira do quintal para encher os dentes de fios e a boca de prazer. E da banana, quando? Não sei pela mesma razão que não se diz que a época do ar está a chegar. Comi bananas como se respira, sem dar por ela. Cinquentão, estou nas minhas 15 mil bananas.Quando eu era garoto, havia uma colecção chamada "Ídolos do Desporto". Biografias quase sempre de futebolistas. Não se sei se Koczis ou Czibor ou Puskas, um desses húngaros da equipa mágica de 1954 que desertaram para Espanha, um deles. Na biografia, contava-se que a ele, chegado a Espanha, ofereceram uma banana. Apalpou a casca fina, equiparou-a a maçã ou pêssego e mordeu tudo. Foi aí que me dei conta que a banana era, por ser rara ou mesmo insólita para alguns, alguma coisa mais do que uma presença certa.Continuei a comê-la como sobremesa, seca e do vale da Catumbela como guloseima, plátano, grande e frita, para acompanhar pratos com azeite de dendém, sem dar por ela. No meu bairro ela era dos raros bens democráticos. Quando eu ia futebolar em campos de brinca-na-areia que viram nascer Jacinto João, José Maria, Dinis, Conceição e eu próprio (sendo que eu próprio, ao contrário dos outros, sou o único que se lembra disso), a banana era o alimento energético trivial. Na minha casa ela entrava em cacho; nas estradas para o mato, eu via gente descalça a comê-la. Em Portugal desglobalizado, antes e logo a seguir ao 25 de Abril, ela foi fruto de luxo. Mas as coisas recompuseram-se, tornamo-nos um país comum e as bananas democratizaram-se. Hoje, no mercado, está a um euro o quilo, a metade e a um quinto dos morangos e cerejas, frutas da época. A banana não nos preocupa e, por isso, não falamos dela. Já a Bíblia não falou. Preferiu criar a fama de outro fruto, menos universal, fazendo-o proibido. Hoje, para se falar de um atributo masculino bíblico, diz-se "maçã de Adão". É irónico e tudo para esconder a banana."

:)

domingo, 18 de maio de 2008

Instituições de solidariedade social alvo da ASAE

Pois é, creio que a ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica) está mesmo na moda.
Não querendo ser extremista, às vezes, as atitudes que lemos com cada vez mais frequência no Expresso ou no Público, da ASAE, fazem-me lembrar a PIDE.
Não sei bem porquê (se calhar porque ainda não me debrucei bem sobre este assunto), mas parece-me que as inspecções desta Autoridade baseiam-se numa ‘política do medo’.
É que agora parece que qualquer actividade é sujeita a constantes fiscalizações da ASAE e, mais recentemente, até as Instituições de Solidariedade não escapam!
O que acaba por ser deveras interessante é que as instituições de Solidariedade não têm qualquer fim económico…
Será correcto todo este rigor que permite fiscalizar estas instituições? “Ah e tal, porque temos de ver se os alimentos estão fora de prazo, não podemos correr o risco de estarmos a dar aos pobres sem-abrigo arroz agulha de 2007!!” Agora pergunto eu: as próprias instituições não deveriam ver se os alimentos que estão a ser distribuídos a quem realmente precisa estão ou não em condições? Custa-me a acreditar que andem a distribuir alimentos ou outros bens essenciais sem qualquer condição de consumismo.
Não estará a ASAE a abusar do poder que lhes foi atribuído? Eu acho que sim e é neste sentido que digo que se parece mais com a PIDE.

Ainda sobre este assunto, li que “os agentes proíbem as instituições de aceitar alimentos dados pelas populações, exigem os mesmos requisitos aplicados às cozinhas de um restaurante, e estão a deitar fora comida congelada em arcas normais.”

Agora sim estou baralhada… não é suposto ajudar e dar 1Kl de arroz aqueles jovens do Banco Alimentar?

Acho que a ASAE é uma autoridade que abusa do poder e que tem um excesso de zelo e que leva o próprio Paulo Portas a incentivar ao bom senso (nunca pensei poder partilhar a mesma opinião que o Portas! Estou abismada!!).

Outra situação que me faz confusão é a obrigatoriedade de certas empresas de fabrico caseiro, que funcionou desde sempre, sem qualquer problema, ter de encerrar as portas, porque não têm forma (a nível económico) de modificar a sua confecção para que vá de encontro às normas europeias. Imaginamos agora uma pequenita fábrica que deixa de fabricar os famosos pastéis de Tentúgal!! É que para além de destruir o sustento de uma família, vai deixar muitas saudades aos nossos queridos estômagos.

Mas nem tudo está perdido! Já li algures que a ASAE já se justificou com tanto abuso e, como até são uma entidade jovem, é natural que se cometam erros e até estão dispostos a analisar os erros cometidos.
Ora eu até compreendo que haja uma entidade que regule e fiscalize determinadas áreas para evitar o encontro de pequenas baratinhas a nadar no copo de sangria ou que os empregados de mesa usem um avental lavado (afinal os olhos também comem!) ou até que possamos ter casas de banho apresentáveis nos estabelecimentos públicos. No entanto, conseguiram transformar esta ideia num fundamentalismo sem precedentes e agora até corremos o risco de nos tirarem alguma identidade nacional.

Por este andar, a ASAE vai mesmo transformar-se na PIDE do século XXI e tornar a nossa querida liberdade, uma liberdade condicionada pelo medo.

JD

sábado, 17 de maio de 2008

Aquele Abraço

Estava eu a “navegar” pela Internet num daqueles piquetes dos centros comerciais só para ganhar mais uns trocos e dei comigo a pensar que, infelizmente, deixei de fazer tanta coisa que gostava, muitas das vezes por falta de tempo e, principalmente, de paciência. A verdade é que é muito mais fácil chegar a casa depois de mais umas horas de piquetes e adormecer a ver televisão, do que adormecer a ler.
Por isso, penso que há tanta coisa que mudou de à uns 03 anos para esta data! Há 03 anos atrás não dispensava um bom livro, principalmente se o lesse num café da linha, com o solinho a bater nos ombros e com o barulho das ondas ao fundo interrompido pelos latidos do Pastor Alemão que alegremente passeia ao lado do seu dono, ou com o barulho das mães a repreenderem os filhos – “Miguel, larga o braço da tua irmã!”; há 03 anos atrás teria certamente mais vivacidade e mais disposição para sair de casa – ver um bom filme à sessão da meia-noite sem correr o risco de adormecer a meio do filme, sair à noite para dançar (agora o máximo que consigo é ir a um bar beber uma caipirinha ou um martini e “bom, meus amigos, tenho de ir para casa descansar que amanhã é dia de trabalho”). O que é feito das grandes directas e da tolerância do nosso corpo ao álcool nesta idade? Não sei, só sei que o meu corpinho já não aguenta as famosas noitadas e nem a cabeça tolera esse tipo de saídas.
Será isto o sinónimo de velhice, ou melhor, sinónimo de vida adulta, de responsabilidade? Eu acho que sim e é quase uma triste inevitabilidade. Ou é isso ou sou eu que estou mesmo fora deste tempo!
Pois é, duas das coisas que deixei de fazer e que mais me fazem falta foi escrever e ler… mas se calhar estou só numa fase mais interrogativa, de dúvidas, questões e incertezas… questões essas que só nos levam a mais perguntas sem respostas concretas ou sem soluções viáveis.

Enfim, já a divagação me leva para outros caminhos que não o inicial.

Estava eu a dizer que numa das minhas navegações na net como por ligeiro passatempo, acabei por ir dar com um blog que parece estar muito em Vouga nesta “coisa” da Internet e que num dos textos que encontrei, o autor despede-se dos seus leitores com “aquele abraço…”.
Se não conhecesse pessoalmente o indivíduo que escreve esses textos, talvez a mim não me dissesse nada, mas conhecendo o autor as lembranças saltaram-me à memória e não pude deixar de me lembrar “daquele abraço”.
Realmente há tantos gestos que são mesmo pequenitos e que não têm qualquer significado, mas que sabe bem e a mim, sabe bem “aquele abraço”.
Aliás, acho que quando alguém (e falando de alguém, estou a falar de mim própria) está a precisar de algum apoio, mais que as palavras, o abraço de um(a) amigo(a) sabe mesmo bem.

Conheço poucas pessoas que sabem dar um abraço sentido e em condições. Normalmente são só aquelas palmadinhas nas costas, mas “aquele abraço”, que é tão diferente de tantos outros, é um abraço mesmo sentido, quente, que nos faz esquecer do tempo e que nos faz sentir bem e apoiados (e eu que não sou muito de contacto físico posso até dizer que foi dos melhores abraços que já me deram).
e então decidi fechar os olhos e sentir, só sentir... senti o coração a bater, senti a respiração pausada, senti a calma... É realmente incrivel o que um contacto fisico super ingénuo ou até banal pode provocar sentimentos tão profundos...


Não querendo ser cliché, mas acabando por sê-lo, despeço-me com "aquele abraço" para todos aqueles que sabem do que estou a falar!