sábado, 15 de novembro de 2008

Os nossos "profs"

Hoje fui confrontada por uma situação caricata.
Não sei bem porquê, mas o Chiado é uma zona em que, na Agência, apanhamos de tudo! E, acreditem, ouve-se com cada história...

Desta vez, veio ter connosco um professor, vejam bem, de Economia, a solicitar ajudar no sentido de podermos fornecer alguma documentação sobre Agencias de Viagem, de modo a ajudar a leccionar a sua cadeira, que (já nem me lembro bem o nome pomposo) tinha qualquer coisa a ver com Organização de Empresas Turísticas. Nelas, enquadram-se as companhias aéreas, a Hotelaria, as Agência de Viagem, etc...
O curso que o senhor estaria a dar era um daqueles técnico-profissionais em que os alunos teriam 03 anos de aulas que correspondiam do 10º ao 12º ano.
E eu pensei cá para os meus botões: ‘como é que é possível os alunos saírem bem preparados para o mercado de trabalho se o Ministério coloca professores licenciados em Economia a dar, segundo o senhor, pela primeira vez, aulas de técnicas de turismo? É óbvio que estes alunos vão sair do curso sem saber sequer como funciona uma Agência! É assustador!
À medida que a conversa ia-se alongando, mais perplexa eu ficava... Então o senhor veio à FNAC para ver de um sistema qualquer informático para poder aplicar nas suas aulas, em que consistia +/- numa actividade prática muito estúpida: pelo que entendi, os alunos, com esse sistema, teriam de “desenhar” ou fazer uma maquete de uma Agência de Viagens, porque, pelas próprias palavras do senhor professor, “vou fazer assim, pois já sei que vai ser difícil fazer uma visita de estudo às agências de viagens”. E, mais uma vez, eu pensei: ‘OHHH Meu Deus!’
Resumindo, o senhor não faz ideia do que é trabalhar com o Galileo ou com o Amadeus, não faz ideia do que é o atendimento ao balcão, não faz ideia qual a funcionalidade de um voucher, não sabe como é que as brochuras chegam às lojas, as diferenças entre o operador e uma agencia de viagens,... enfim, o básico!

Bom, não sou nada contra os cursos técnico-profissionais, aliás, até acredito que nesses cursos, os alunos até podem sair melhor preparados para o mundo do trabalho, uma vez que devem ser mais práticos e, para quem quer trabalhar numa agência de viagens, acreditem que a prática é tudo. Mas o problema é que, estes alunos não vão aprender nada, quando os professores que dão as aulas, não percebem nada do mercado, do que estão a dizer...

Como é natural, a conversa foi dar ao assunto da actualidade: a avaliação dos professores. Ainda não tinha pensado no assunto, mas, vendo bem, sou a favor destas avaliações, principalmente depois de ouvir tanto disparate da boca de um professor que dá aulas desde 1988!
Quem é que ainda não teve um professor que, anos após anos dá a mesma matéria, os mesmos apontamentos; ou que, na faculdade, dá matéria de 10º ano (isto é flagrante, e aconteceu com o nosso ano em geografia e, lá está, tivemos de expulsar a ‘Prof’ da faculdade!); ou ainda, que se limita a ler o que está nos cadernos.
Por isso acho que, da mesma forma que os alunos têm de ser constantemente avaliados para poderem estar minimamente aptos para mundo profissional, os ‘profs’ também têm de ser avaliados por aquilo que fazem, até porque é com base naquilo que fazem que podem surgir, ou não, os bons profissionais.

Acredito que, para que os professores sejam mesmo bons no que fazem na sala de aulas, têm, antes de mais, de ter a prática na ponta de língua. Se o professor tem de dar uma aula de técnicas de turismo, é essencial que saiba trabalhar, ou pelo menos, que saiba o que se passa dentro de uma agencia de viagens; se o professor dá aulas de arquitectura, os bons professores, têm de ter um projecto qualquer em mãos... Só assim é que podem transmitir os seus conhecimentos de forma mais eficaz, porque a teoria não é tudo!
Os melhores professores que tive na faculdade, foram aqueles que trabalhavam no ramo!

Desculpem lá senhores professores, mas é a minha modesta opinião: para estarem lá, ao menos que saibam o que andam a fazer com nosso futuro!

Beijos e Abraços
JD

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