domingo, 18 de maio de 2008

Instituições de solidariedade social alvo da ASAE

Pois é, creio que a ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica) está mesmo na moda.
Não querendo ser extremista, às vezes, as atitudes que lemos com cada vez mais frequência no Expresso ou no Público, da ASAE, fazem-me lembrar a PIDE.
Não sei bem porquê (se calhar porque ainda não me debrucei bem sobre este assunto), mas parece-me que as inspecções desta Autoridade baseiam-se numa ‘política do medo’.
É que agora parece que qualquer actividade é sujeita a constantes fiscalizações da ASAE e, mais recentemente, até as Instituições de Solidariedade não escapam!
O que acaba por ser deveras interessante é que as instituições de Solidariedade não têm qualquer fim económico…
Será correcto todo este rigor que permite fiscalizar estas instituições? “Ah e tal, porque temos de ver se os alimentos estão fora de prazo, não podemos correr o risco de estarmos a dar aos pobres sem-abrigo arroz agulha de 2007!!” Agora pergunto eu: as próprias instituições não deveriam ver se os alimentos que estão a ser distribuídos a quem realmente precisa estão ou não em condições? Custa-me a acreditar que andem a distribuir alimentos ou outros bens essenciais sem qualquer condição de consumismo.
Não estará a ASAE a abusar do poder que lhes foi atribuído? Eu acho que sim e é neste sentido que digo que se parece mais com a PIDE.

Ainda sobre este assunto, li que “os agentes proíbem as instituições de aceitar alimentos dados pelas populações, exigem os mesmos requisitos aplicados às cozinhas de um restaurante, e estão a deitar fora comida congelada em arcas normais.”

Agora sim estou baralhada… não é suposto ajudar e dar 1Kl de arroz aqueles jovens do Banco Alimentar?

Acho que a ASAE é uma autoridade que abusa do poder e que tem um excesso de zelo e que leva o próprio Paulo Portas a incentivar ao bom senso (nunca pensei poder partilhar a mesma opinião que o Portas! Estou abismada!!).

Outra situação que me faz confusão é a obrigatoriedade de certas empresas de fabrico caseiro, que funcionou desde sempre, sem qualquer problema, ter de encerrar as portas, porque não têm forma (a nível económico) de modificar a sua confecção para que vá de encontro às normas europeias. Imaginamos agora uma pequenita fábrica que deixa de fabricar os famosos pastéis de Tentúgal!! É que para além de destruir o sustento de uma família, vai deixar muitas saudades aos nossos queridos estômagos.

Mas nem tudo está perdido! Já li algures que a ASAE já se justificou com tanto abuso e, como até são uma entidade jovem, é natural que se cometam erros e até estão dispostos a analisar os erros cometidos.
Ora eu até compreendo que haja uma entidade que regule e fiscalize determinadas áreas para evitar o encontro de pequenas baratinhas a nadar no copo de sangria ou que os empregados de mesa usem um avental lavado (afinal os olhos também comem!) ou até que possamos ter casas de banho apresentáveis nos estabelecimentos públicos. No entanto, conseguiram transformar esta ideia num fundamentalismo sem precedentes e agora até corremos o risco de nos tirarem alguma identidade nacional.

Por este andar, a ASAE vai mesmo transformar-se na PIDE do século XXI e tornar a nossa querida liberdade, uma liberdade condicionada pelo medo.

JD

2 comentários:

Anónimo disse...

De facto este excesso de zelo é exarcerbado e dá azo a estas situações.
Por outro lado o simples "deitar fora de frangos e marmelos
(in http://tsf.sapo.pt/online/vida/interior.asp?id_artigo=TSF192114)
ao que parece em condições impróprias para consumo levanta um pouco o véu sobre outros problemas existentes.
Como tão bem frisaste, tal controlo de qualidade deveria ser levado a cabo por estas instituições em primeira instância. Pessoas carenciadas não devem ser tomadas em conta como que se de segunda categoria se tratassem.
De pronto levanta-se esta dúvida:
Será que o banco alimentar tem dificuldades a reservar e escoar os alimentos ou será que alimentos com qualidade são "escoados" para um local ao passo que os restantes são distribuidos? Ou por outro lado, tal problema de "escoamento" reside somente no seio da instituição receptora?
Custa-me a crer que as dávidas efectuadas pelo povo estejam em más condições, e como tal, não consigo perceber (ou não quero) como os alimentos são detectados num estado lastimoso.
Tendo dito isto devo frisar, que não corroboro com quaisquer medidas de coacção, em particular as levadas a cabo pela ASAE. Tanta veemência no controlo de qualidade não é benéfica.
Ao fim de contas, como diz o ditado: Roma e Pavia não se fizeram num dia.

JJ disse...

eu não tenho medo de ninguém.

hihihi.

mas má onda isso. num sabia.

paz e amor é o que mundo precisa.